
Prosseguimos em junho com apresentação em Botucatu a série de visitas a municípios paulistas com nosso espetáculo DaTchau – rumo à estação GrandeAvenida, contemplado pelo PROAC 2018 da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.
APRESENTAÇÃO GRATUITA
- Botucatu: 9 de junho, domingo, 19h – Teatro Municipal Camillo Fernandez Dinucci – Praça Coronel Raphael de Moura Campos 27 – Centro – Botucatu/SP
Sinopse
Uma pessoa (de classe média) tenta escrever uma narrativa que dê conta dos tempos sombrios que está vivendo. Nesta tentativa ela sonha que um dia acorda indignada com o estado das coisas. E, no sonho, esta indignação a leva para a rua – para protestar. No início sozinha, depois coletivamente, em harmonia com outros indignados, toma um trem de metrô cujo destino é a estação GrandeAvenida, para onde está marcada uma grande manifestação. Durante a viagem as diferenças do coletivo indignado assumem o protagonismo, atiçam raivas e ódios e se transformam em conflitos oníricos. O sonho se transforma em pesadelo. E o destino final desta viagem será o do encarceramento deste coletivo num campo de trabalhos forçados.
Pesquisa
Este espetáculo trata do nosso tempo presente, da vida presente, dos homens presentes. Sem deixar de pensar e olhar de onde viemos e de provocar o pensamento: para onde queremos ir!
Discutir os tempos turvos de hoje através de um teatro que NÃO se pretende fomentador de raivas e ódios insanos e pré-totalitários, mas que SIM se pretende fomentador de reflexão sensível (cérebros e corações pulsando juntos) é nossa tarefa. E com ele acreditamos contribuir para a compreensão deste nosso presente desagregado e carregado de radicalismos.
Para a sua concepção partimos de quatro materiais de estudo:
- As manifestações que tomaram as ruas das cidades brasileiras a partir de 2013;
- As nossas experiências/memórias de vida, especificamente no que tange às lembranças/participação nos movimentos de massa que foram para as ruas a partir das Diretas Já;
- Os romances de Chico Buarque;
- As obras de Primo Levi.
Nos estudos (práticos e teóricos) sobre os romances de Chico Buarque encontramos dois materiais de interesse. Um que traz narrativas sobre o Brasil histórico – histórias de personagens brasileiros que remontam ao século XIX e chegam até os anos 90 do século passado. E, o mais relevante, uma sequência de narradores que contam aquelas histórias (mais antigas ou mais novas) a partir do período pós-redemocratização (um momento de esperança no progresso social onde as forças reacionárias se encolheram – por exaustão e não por extinção). Porém encontramos uma contradição fundamental para tentarmos nos entender hoje, que gerou a seguinte pergunta: como é que narradores (os narradores de Chico) num momento histórico de tantas esperanças eram todos – sem exceção – tão desconjuntados e infelizes? Encontramos então, nesses narradores desconjuntados, erráticos e “fracassados” a semente de um narrador de hoje – que tenta contar uma história relevante para os nossos dias. Um narrador da classe média, pela metade, que não sabe o final da história que está contando. Que é objeto e não sujeito de sua própria história. Como estratégia dramatúrgica, esse narrador foi colocado dentro de seu próprio sonho: indignado com o estado das coisas e levado pelo sonho a uma manifestação.
Ao redor deste “núcleo narrativo”, do narrador pela metade, construímos outro, que são os “reais narradores” do narrador, que contam a história daquele que tenta sintetizar seu tempo e a fazem transitar do campo narrativo-dramático (ou lírico) para o Épico.
Este outro núcleo é formado por figuras que se assumem como seres de ficção, ou seja, que não pertencem ao mundo real – o nosso de hoje. E que portanto podem ter o distanciamento necessário para encaminhar uma possível história para este tempo, encaminhando o final da fábula inspirados pelos testemunhos de Primo Levi – judeu italiano que sobreviveu a um campo de concentração nazista onde se lia na porta de entrada: O TRABALHO LIBERTA.
Motivo inspirador do título: o Campo de Dachau
Dachau foi o primeiro campo de concentração regular para prisioneiros políticos assentado pelo governo Nacional Socialista, isto é, nazista, em 1933, no sul da Alemanha. A organização e rotina deste campo tornaram-se modelo para todos os que viriam depois.
Inicialmente, os internos eram alemães comunistas, socialdemocratas, sindicalistas e outros adversários políticos do regime nazista. Com o passar do tempo, outros grupos também foram encarcerados em Dachau, entre eles ciganos, homossexuais, Testemunhas de Jeová e aqueles considerados “associais”, além de criminosos contumazes. Durante os primeiros anos relativamente poucos judeus estiveram presos ali, com exceção dos que pertenciam a uma das categorias mencionadas – realidade posteriormente invertida com o aumento da perseguição antissemita.
O processo de degradação tinha início já na sala de registro dos prisioneiros recém-chegados, em cujo teto foi pintado em letras grandes: Há um caminho para a liberdade. Suas balizas são: Obediência, Honestidade, Asseio, Sobriedade, Trabalho Duro, Disciplina, Sacrifício, Autenticidade, Amor à Pátria.
O número de prisioneiros em Dachau, de 1933 a 1945, ultrapassou os 188 mil e provavelmente nunca se saberá ao certo o número total de suas vítimas fatais.
Ficha Técnica
- Espetáculo: DaTchau – Rumo à Estação GrandeAvenida
- Direção e Dramaturgia: Pedro Pires
- Em cena: Fernanda Haucke, Fernanda Rapisarda, Guto Togniazzolo, Marcos Coin, Vera Lamy e Zernesto Pessoa
- Direção Musical: Marcos Coin
- Cenografia: Pedro Pires
- Figurinos: Guto Togniazzolo e Arieli Marcondes
- Luz: Guilherme Bonfanti
- Vídeos: Diogo Noventa
- Projeções: Bruna Lessa e Bruno Carneiro
- Operação de luz: Pedro Pires
- Operação de vídeo: Eduardo Shlindwein
- Fotos e Vídeo: Cacá Bernardes
- Produção: Companhia do Feijão
- Classificação etária indicativa: 12 anos
- Duração: 70 minutos
Apoio: Prefeitura Municial de Botucatu