Comemorando o 70º aniversário da morte de Mário de Andrade, a ser completado no próximo dia 25, a Companhia do Feijão realizará um ciclo comemorativo relâmpago de atividades entre os dias 25 de fevereiro e 1º de março, intitulado Feijão celebra Mário de Andrade.
Na programação, duas apresentações e uma leitura cênica de espetáculos da companhia criados a partir de obras de Mário de Andrade ou a ele relacionados, além de uma palestra, apresentações de artistas convidados e um sarau comemorativo. Todas as atividades serão gratuitas e acontecerão na Companhia do Feijão, no Teatro Escola Célia Helena e na Paidéia Associação Cultural.
Programação GRATUITA
Dia 25/02 – quarta-feira
- 20h – Espetáculo Armadilhas brasileiras, com a Companhia do Feijão
- Local: Companhia do Feijão
Dia 26/02 – quinta-feira
- 19h – Palestra: Da inspiração à transpiração, com Pedro Pires
- Local: Teatro Escola Célia Helena
Dia 27/02 – sexta-feira
- 20h – Leitura cênica: O ó da viagem, com a Companhia do Feijão
- Local: Companhia do Feijão
Dia 28/02 – sábado
- 17h – Espetáculo de rua: Reis de Fumaça, com a Companhia do Feijão
- Local: Paidéia Associação Cultural
- 22h – Sarau comemorativo, com a Companhia do Feijão e artistas convidados
- Local: Companhia do Feijão
Dia 1º/03 – domingo
- 19h – Espetáculo convidado: Macunaíma no país do Rei da Vela, com a Cia. Antropofágica
- Local: Companhia do Feijão
Feijão e Mário de Andrade
Para celebrar a data do 70º aniversário da morte de Mário de Andrade, ocorrida em 25 de fevereiro de 1945, a Companhia do Feijão apresenta um pequeno conjunto de atividades relacionadas a algumas das áreas por onde ele incansavelmente transitou. Querendo, além da homenagem, também combater a “invisibilidade” mercadológica de que sofre atualmente sua obra, a nosso ver inexplicável, dada a profundidade reveladora com que olhou e agiu sobre o Brasil e os brasileiros, seu imaginário, identidades e conflitos.
A relação de companhia com a obra deixada por Mário de Andrade é antiga e determinante: um processo de pesquisa que definiu não só uma trajetória artística, mas também, e igualmente importante, sua trajetória de intelectual interessado em estimular e desenvolver caminhos que pudessem gerar identidades artísticas e culturais brasileiras, pertencentes ao mundo contemporâneo, avessas a nacionalismos populistas. Um homem a frente de seu tempo.
Desde sua fundação, em 1998, a Companhia do Feijão sempre se valeu da literatura e de reflexões estéticas de Mário de Andrade, tomadas como exemplo de conduta artística e de militância em favor da valorização do registro, estudo e difusão da cultura brasileira em suas múltiplas manifestações. O grupo tem em seu currículo cinco espetáculos criados centralmente a partir de obras de Mário de Andrade, além de um estudo permanente de seus pensamentos, teorias e produção artística, presentes em todos os trabalhos do grupo, ainda que subliminarmente.
A relação entre arte e preocupação social, que tanto interessava ao escritor, é também questão fundamental nas criações do Feijão, voltadas à compreensão do homem brasileiro e suas realidades. Estar em contato com a obra de Mário de Andrade é a busca de uma percepção nacional que não se esgota, tanto para o artista como para o cidadão brasileiro.
CONTEÚDOS
ARMADILHAS BRASILEIRAS – espetáculo
Sinopse
Artistas de um grupo de teatro estão em processo de criação de uma peça sobre a crise econômica mundial de 1929 e suas consequências para os trabalhadores brasileiros. Durante o ensaio, porém, surge entre os atores (que também são os autores da peça) um conflito sobre os rumos da história, com questionamentos antagônicos sobre conteúdos e formas de representação. O acirramento deste embate de opiniões leva a um “golpe cênico”, que muda a história que vinha sendo contada e traz ao foco da discussão o próprio fazer artístico.
A montagem tem como plataforma as obras Café, O banquete (inacabada) e A meditação sobre o Tietê, de Mário de Andrade, combinadas com trechos livremente inspirados em obras de Bertolt Brecht, Groucho Marx, Machado de Assis, Oswald de Andrade, Samuel Beckett e Vladimir Maiakovski.
Ficha técnica
- Elenco: Fernanda Haucke, Fernanda Rapisarda, Flávio Pires, Guto Togniazzolo e Vera Lamy
- Argumento e Direção: Pedro Pires
- Dramaturgia: Pedro Pires e Zernesto Pessoa
- Cenário: Fernanda Aloi e Pedro Pires
- Figurinos: Daniel Infantini e Guto Togniazzolo
- Direção musical: Flávio Pires e Lucas Vasconcelos
- Músicas: núcleo artístico da companhia e Lucas Vasconcelos
- Iluminação: Pedro Pires e Zernesto Pessoa
- Criação em vídeo: Leandro Goddinho
- Classificação etária: 14 anos
- Duração: 120’
DA INSPIRAÇÃO À TRANSPIRAÇÃO – palestra e debate
Partindo do texto O artista e o artesão, de Mário de Andrade, o diretor e fundador da Companhia do Feijão, Pedro Pires, traça paralelos entre as questões estéticas e éticas discutidas pelo autor e pensador brasileiro e o Ofício do Ator.
O Ó DA VIAGEM – leitura cênica
Sinopse
Viajantes-narradores paulistas observam com olhos de “estrangeiros” o universo sertanejo do Nordeste. Desdobrando-se em múltiplos personagens, o coro de atores utiliza a linguagem do teatro popular para alternar episódios cômicos e trágicos. Conduzidos por canções também populares, diversos temas são abordados, entre eles o anti-herói do sertão (o sobrevivente), o cotidiano da seca e a fina-flor da aristocracia rural.
O ó da viagem é resultado artístico do cruzamento dos diários de viagem de Mário de Andrade pelo Norte e Nordeste do Brasil no final dos anos 1920 – publicados postumamente como O turista aprendiz – com os diários e coleta de campo da companhia em itinerário parcialmente idêntico ao do escritor pelo Sertão do Cariri (PB e PE), em 1999.
Ficha técnica
- Elenco: Fernanda Haucke, Fernanda Rapisarda, Flávio Pires, Guto Togniazzolo, Vera Lamy e Zernesto Pessoa
- Direção e Dramaturgia: Pedro Pires
- Direção musical: Walter Garcia
- Classificação etária: livre
- Duração: 65’
REIS DE FUMAÇA – espetáculo de rua
Sinopse
Reis de Fumaça é um espetáculo fragmentado, composto de recriações de danças dramáticas brasileiras, depoimentos de criadores anônimos ligados a estas manifestações, histórias relacionadas à escravidão no Brasil e poesias e músicas populares de diversas origens. Uma experiência diferente e profunda em relação ao fazer teatral convencional.
Atores e músicos chegam a um espaço público, onde vão desenvolver dois movimentos: o íntimo, composto por depoimentos, e o espetacular, com recriações de manifestações de rua. Ao lado das grandes estruturas das danças dramáticas, o espetáculo contrapõe experiências, depoimentos e testemunhos diretos reunidos durante o processo de criação e compartilhados diretamente com pequenos grupos de espectadores, de forma pessoal e quase imperceptível.
Ficha técnica
- Elenco: Fernanda Haucke, Fernanda Rapisarda, Flávio Pires, Guto Togniazzolo, Pedro Pires, Vera Lamy e Zernesto Pessoa
- Direção e Dramaturgia: Pedro Pires e Zernesto Pessoa
- Direção Musical: Renata Amaral e Julio Maluf
- Figurinos: Luiz Augusto dos Santos, Guto Togniazzolo e Petronio Nascimento
- Duração: 60’
- Classificação etária: livre
SARAU COMEMORATIVO
Encontro festivo com interferências artísticas de integrantes do Núcleo Lopes Chaves, da Companhia do Feijão, que realiza um estudo de poesias e correspondências de Mário de Andrade, além de músicos e atores convidados.
MACUNAÍMA NO PAÍS DO REI DA VELA – espetáculo convidado
Sinopse
Utilizando uma linguagem popular, a Cia. Antropofágica leva o público a uma viagem cultural pela música, poesia e teatro, propondo uma reflexão sobre a estrutura capitalista e a brasilidade em relação aos fatos da nossa história. O espetáculo é resultado do estudo de quatro autores pertencentes ao modernismo brasileiro da primeira metade do século XX: Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Manuel Bandeira (textos) e Villa-Lobos (música).
- Dramaturgia: Cia Antropofágica
- Direção, Roteiro, Direção Musical e Desenho de Luz: Thiago Reis Vasconcelos
- Elenco: Alessandra Queiroz, Amanda Freire, Andrews Sanches, Danilo Santos, Deborah Hathnner, Fabi Ribeiro, Flávia Ulhôa, Martha Guijarro, Rafael Frederico, Raphael Gracioli, Renata Adrianna, Renê Costanny, Ruth Melchior e Suelen Moreira
- Músicos: Lucas Vasconcelos e Bruno Miotto
- Cenário: Cia Antropofágica
- Figurino: Flávia Ulhôa e Ruth Melchior
Endereços
- Companhia do Feijão: R. Dr. Teodoro Baima 68 – República
- Paidéia Associação Cultural: R.Darwin 153 – Alto da Boa Vista
- Teatro Escola Célia Helena: Av. São Gabriel 462 – Itaim Bibi
Realização: Companhia do Feijão e Cooperativa Paulista de Teatro
Apoio: Cia. Antropofágica, Paidéia Associação Cultural, Teatro Escola Célia Helena e Programa Municipal de Fomento ao Teatro